
Recentemente, veio à tona um caso que merece atenção de qualquer profissional sério de SST. Uma empresa de assistência em segurança do trabalho foi multada em R$ 300 mil por emitir um laudo fraudado, tentando beneficiar uma metalúrgica no Paraná. O MPT entendeu que, além de tentar burlar a legislação, a fraude colocava os trabalhadores em risco. E não foi uma simples autuação: a multa foi agravada com base no dano moral coletivo. Isso mostra, mais uma vez, que quem ainda trata SST como papelada para cumprir tabela está no caminho errado.
Fraudar um documento técnico é gravíssimo. E quando falo isso, não é por retórica — é porque a gente sabe o que acontece na prática. Ainda tem empresa que emite laudo sem ir ao local, sem fazer levantamento técnico, sem medição, sem entrevista com trabalhador. Copia e cola de modelo antigo, assinatura eletrônica e pronto. Só que agora a conta chegou. E vai continuar chegando, porque o MPT e os órgãos de controle estão começando a apertar onde mais dói: no bolso e na reputação.
Nesse caso específico, tanto a empresa que assinou o laudo quanto o profissional que colocou o nome dele no papel foram responsabilizados. E com razão. Quem assina sem ir no campo, quem não valida as condições reais, quem se omite tecnicamente, também responde. Tem CREA, tem CFT, tem Ministério Público — ninguém mais pode dizer que não sabia. E quem contrata também precisa rever a postura: se você busca uma empresa de SST só pelo menor preço, vai acabar comprando problema.
Evitar esse tipo de exposição é simples: contrate com critério, exija visita técnica, cobre metodologia clara e evidência. Tem que ter foto, entrevista, medição. Não é relatório que se faz da cadeira do escritório. E pra quem é profissional da área: não assine nada que você não tenha validado. Não compensa. A gente trabalha com vidas, e laudo falso é, no fim das contas, negligência com quem está na operação.
Quando o trabalho é feito com seriedade, os resultados aparecem: ambiente mais seguro, menor passivo, menos dor de cabeça e mais credibilidade. Quem leva SST a sério se destaca. Quem continua fazendo “só pra cumprir” vai aparecer nas manchetes — e não é pelo bom motivo.
Então, se você não sabe como estão sendo feitos os seus laudos, é melhor parar agora e revisar tudo. Porque o que está em jogo não é só uma multa. É o nome da empresa, a vida do trabalhador e, muitas vezes, a sua própria habilitação profissional.