
Se você já esteve em campo — seja em uma indústria pesada, em uma manutenção offshore ou em um canteiro de obras — sabe que o trabalho do soldador está longe de ser simples. E, como profissional de segurança do trabalho, uma das responsabilidades que mais levo a sério é garantir que cada profissional volte pra casa com a mesma saúde com que chegou ao serviço.
Nesse contexto, a máscara de solda é um dos EPIs mais críticos que a gente precisa acompanhar de perto.
Por que a máscara de solda é tão importante?
Durante o processo de soldagem, o trabalhador fica exposto a diversos riscos simultâneos. A luminosidade extrema, as faíscas incandescentes, a radiação invisível e os respingos de metal fundido compõem um cenário diário de perigo. E é aí que entra a máscara de solda — não apenas como item obrigatório, mas como a principal proteção ocular e facial contra lesões graves e irreversíveis.
A máscara de solda protege contra:
• Partículas volantes que são lançadas com força durante a solda;
• Radiação ultravioleta, causadora da famosa “cegueira do soldador”;
• Radiação infravermelha, que pode comprometer a retina com o tempo;
• Excesso de luminosidade, que causa desde desconforto até danos permanentes à visão.
Essa é uma proteção que o trabalhador muitas vezes só percebe que precisava… depois que sente na pele — ou pior, nos olhos.
Tecnologia aliada à proteção
Hoje temos modelos que vão muito além daquela máscara básica e pesada. As máscaras com escurecimento automático estão se tornando cada vez mais comuns. E, honestamente, são um grande avanço: ajudam o soldador a manter o foco, reduzem a fadiga visual e otimizam o tempo de trabalho, já que não há mais a necessidade de levantar e abaixar o visor constantemente.
Além disso, muitas dessas máscaras têm regulagens de sensibilidade, controle de tonalidade e maior área de visualização — um ganho imenso em termos de conforto e produtividade.
O que dizem as normas?
Quem atua na área sabe: não adianta só fornecer o EPI, tem que ser o EPI certo, com CA válido e compatível com a atividade.
A NR-06 é clara quanto à obrigatoriedade do uso da máscara de solda. Já a NR-18, muito presente nos nossos canteiros de obra, reforça a importância dessa proteção em atividades de soldagem. E a NR-10, quando falamos de soldas elétricas, exige ainda mais atenção à exposição à radiação e ao calor.
Mas mais do que atender norma, nossa missão é antecipar o risco e prevenir o acidente.
O papel do SESMT e da liderança
Como profissionais de SST, não basta colocar o EPI nas mãos do trabalhador.
Precisamos:
• Treinar e explicar os riscos de forma clara;
• Fiscalizar o uso correto;
• Garantir manutenção e substituição quando necessário;
• Estar atentos aos relatos de desconforto ou problemas com os equipamentos.
E aqui entra algo que sempre reforço nas minhas inspeções e diálogos de segurança: o trabalhador que entende o porquê do uso, usa com mais responsabilidade. E a gente colhe os frutos de um ambiente mais seguro, produtivo e humano.
Conclusão: visão preservada, vidas protegidas
A máscara de solda é muito mais do que um item da lista de entrega de EPI. Ela representa o nosso compromisso com a saúde de quem lida com uma das atividades mais arriscadas da indústria.
Se você é gestor, técnico ou engenheiro de segurança, nunca negligencie a escolha e o uso adequado dessa proteção. E se você é soldador, saiba que seu rosto e seus olhos valem muito mais do que qualquer economia ou atalho.
Segurança não é custo. Segurança é valor.