Iniciativa busca justiça para trabalhadores vítimas de acidentes e doenças no trabalho, além de cobrar empresas por negligência com a saúde e segurança.

Você já parou para pensar no custo que a falta de cuidado com a segurança no trabalho pode gerar? E não estamos falando apenas de dinheiro, mas de vidas afetadas, famílias desestruturadas e sonhos interrompidos. É justamente para enfrentar essa realidade que a Advocacia-Geral da União (AGU) está cobrando mais de R$ 36,5 milhões de empresas que negligenciaram a saúde e a segurança de seus trabalhadores.
Essas empresas foram responsabilizadas por acidentes graves e doenças ocupacionais que poderiam ter sido evitados com medidas simples de prevenção. Com essa cobrança, o objetivo é claro: fazer justiça e garantir que os empregadores arquem com as consequências dos seus atos — ou da falta deles.
Quando a negligência vira dívida
Essa cobrança não surgiu do nada. Ela faz parte de um tipo de ação chamada regressiva acidentária. Funciona assim: quando um trabalhador sofre um acidente por culpa da empresa, o INSS precisa pagar benefícios como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez ou pensão por morte. Depois, o governo entra com uma ação para cobrar da empresa o valor desses benefícios. Justo, não?
Isso não é apenas uma forma de recuperar dinheiro público. É também um aviso claro para os empregadores: descuidar da segurança pode sair muito caro — e não só para o bolso.
Dados que chamam a atenção
Desde 2016, a equipe especializada da AGU já entrou com mais de 2.400 ações contra empresas que falharam com seus trabalhadores. Ao todo, mais de R$ 410 milhões foram cobrados de empregadores por acidentes que poderiam ter sido evitados.
Em abril de 2024, dentro da campanha do Abril Verde, a AGU ajuizou 73 ações só nesse mês, buscando recuperar R$ 21 milhões em gastos com benefícios pagos pelo INSS. São histórias que envolvem desde quedas graves até amputações e até mesmo mortes — situações que poderiam ter sido evitadas com equipamentos adequados, treinamento e respeito às normas de segurança.
Por trás dos números, pessoas
Entre os casos recentes, está o de um trabalhador que perdeu os braços ao operar uma máquina sem a devida proteção. A perícia mostrou que a empresa não ofereceu nenhum tipo de treinamento e ignorou os riscos. O resultado? Uma vida transformada para sempre, e uma empresa que agora terá que responder por isso.
Prevenção é mais barato do que indenização
Muita gente acha que investir em segurança é caro. Mas e o custo de um acidente? Além das consequências para o trabalhador, a empresa também sofre com processos, indenizações, perda de produtividade e imagem manchada.
A AGU tem reforçado que essas ações não são apenas uma forma de recuperar valores para o INSS. Elas têm um efeito educativo, fazendo com que outras empresas pensem duas vezes antes de negligenciar a segurança de seus colaboradores. Cumprir as normas — como a NR-01 (Gerenciamento de Riscos Ocupacionais) e a NR-12 (Segurança em Máquinas e Equipamentos) — é mais do que obrigação legal. É respeito à vida.
O recado está dado
Essa iniciativa da AGU mostra que trabalhador não pode ser tratado como peça descartável. Segurança no trabalho não é luxo, é direito. E quando esse direito é violado, o mínimo que se espera é que os responsáveis sejam cobrados — financeiramente e moralmente.
Se você é empregador, técnico de segurança ou gestor, vale refletir: sua empresa está cuidando de verdade das pessoas? Segurança não se improvisa. Se faz com planejamento, comprometimento e humanidade.