
A Geração Z chegou ao mercado de trabalho com uma visão bem diferente sobre o que significa estar seguro no ambiente corporativo. Nascidos entre 1997 e 2010, esses profissionais não se conectam com a ideia de segurança resumida ao uso de EPI ou à presença de placas de advertência nas áreas de risco. Eles cresceram em um mundo digital, com acesso à informação rápida, valorizam o equilíbrio emocional e são extremamente intolerantes a ambientes tóxicos. Isso muda completamente a forma como a área de Saúde e Segurança do Trabalho deve se posicionar.
Se queremos engajamento real por parte desses trabalhadores, não adianta manter os mesmos formatos de DDS, treinamentos extensos e cartilhas genéricas. A geração Z quer entender o porquê das regras, quer participar da construção dos processos e, acima de tudo, quer coerência entre o discurso da empresa e a prática do dia a dia. A liderança precisa estar preparada para dialogar, orientar com firmeza, mas também com empatia. Autoritarismo, nesse contexto, não gera respeito, só distância.
Outro ponto que precisa ser entendido é que segurança, para essa geração, também é saúde mental. Não basta mais falar só sobre queda de altura ou proteção de máquinas. É preciso tratar de assédio, burnout, pressão psicológica, racismo, machismo e inclusão. A SST precisa se conectar com esses temas, porque, do contrário, vai continuar sendo vista como uma área que só entra em cena quando tem problema — e não como parte ativa da cultura da empresa.
Tecnologia também entra forte nessa equação. Esses jovens têm um nível de exigência digital muito alto. Querem treinamentos interativos, sistemas que funcionem no celular, plataformas com acesso simples e linguagem direta. Se os processos forem burocráticos, lentos e sem propósito claro, eles simplesmente não vão aderir. E forçar não adianta. O caminho é mostrar sentido, utilidade prática e criar espaços reais de escuta.
Quando a empresa entende essa lógica, os resultados aparecem. A adesão às práticas de segurança aumenta, a rotatividade diminui e o ambiente se torna mais colaborativo. SST, nesse cenário, deixa de ser um setor isolado e passa a fazer parte da experiência do colaborador. E é exatamente isso que a Geração Z espera: empresas coerentes, seguras de verdade e com propósito claro.
Engajar essa nova geração não é sobre mudar as regras. É sobre mudar a forma de comunicar, de liderar e de se conectar com quem está chegando. Quem entende isso sai na frente, não só em termos de segurança, mas de cultura organizacional como um todo.